sábado, 29 de junho de 2013

Um pouco de Amor

Ousadia minha descrevê-lo, confesso.
Cada um sente à sua maneira, a seu tempo.
Pode ser rápido
ou tardar uma vida inteira.
Mal sei o que sinto eu,
como saberei da mente alheia?

Mas tento.
Não me atrevo a defini-lo
preto-no-branco, não me atrevo.
Mas é preto e é branco.
É sólido e líquido.
Bala e alvo.
Ambivalente.

Entretanto, é gostoso sentir amor,
em abraço e carinho.
Chamego seguido de beijinho;
sorriso que externa o interior.

Tudo é obra deste senhor
ausente, que manda e desmanda,
vestido de terno e poder;
onipresente.


Surpreendentemente
intangente à gente.
De repente,
Soca-lhe a cara, quebra-lhe um dente.

E afasta-se novamente.

É assim que vive, no entanto.
Beija, arranha e beija de novo.
E torna a arranhar.

E assim se sente
com um pouco de Amor:
extremamente contente
e doente, infelizmente.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Doce Loucura

O que é ser louco?
É fazer o que não esperam
ou mesmo o que não consideram.
É saber de tudo um pouco. 


          "Pode me informar as horas?" ela me disse,
          seguido de um pedido de desculpas.
          E, então, voltou a seu lugar,
          absorta em seus raciocínios. 
          Falava acelerado,
          sobre pirâmides,
                         bíblia,
                          telepatia.

          "O desejo de todos os humanos é ser humano". 

          E acreditava em seu discurso, 
          enquanto o resto passava,
          indiferente,
          reticente.
 
Ser louco é ser incompreendido.
Andar aos próprios passos,
habitar o próprio mundo,
sendo impróprio no mundo dos outros.
Ser amargo e ser doce.
Ser único; e
solitário.

domingo, 23 de junho de 2013

1000!

Hoje o "Respiração Inconstante" chegou a 1000 visualizações em 9 dias desde sua criação!



O poema "Alegria" foi o mais visto, com 84 acessos; "Desfoque" foi o menos visto, com 24.

Agradeço de verdade os acessos, comentários e a força. É muito importante pra mim escrever tudo o que ponho aqui e é mais ainda saber que há pessoas que se identificam com o que eu sinto.

Muito obrigado por me ajudarem a respirar.

Beijos a todos.

sábado, 22 de junho de 2013

À Janela

O sopro invade o quarto.
Toca o rosto
e vira as páginas.

Observo-o.

Sutil, senhor de si,
corre seu caminho

             e muda direções.

Balançou tantas folhas,
varreu tantas ruas,
voou guarda-chuvas...

Sinto-o.

Dança à sua música,
lança-se ao sabor,
avança.

Viajará e mudará.

Será ontem,

               é amanhã, 
                              foi hoje.

                              E sopra meu rosto e vira minhas páginas e flui.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O barulho, a espera e o silêncio

O silêncio da espera faz tanto barulho que ensurdece.
 
O barulho surdo da espera faz tanto silêncio.

 
A espera silencia a surdez barulhenta.

 
Tanta espera por barulho, que o silêncio ensurdeceu.

 
Surdo barulho espera, tanto faz.

 
Silêncio...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Uma crônica de minuto

Uma cama desarrumada
para uma noite mal dormida.
Um livro à meia-luz,
um alarme desligado
e uma ferida.

Um minuto para outro dia,
e uma saída.
Só uma.

Boa noite.

terça-feira, 18 de junho de 2013

O Último Suspiro

Quantas fotos, cartas e mágoas
já guardei em minhas gavetas...
Cada canto, de cada uma,
em cada estante,
preenchidos com lágrimas,
risadas e cafés.
Coleciono alegrias
e também tristezas.
Proezas,
passeios,
certezas.
Tantas gavetas em pouca vida,
mal sei quais já tranquei...

Mas há uma.
Uma gavetinha.
Lá no fundo,
distante das outras.
Aberta.
É pequenina, não parece caber nada além de um botão de camélia
- de uma resposta.
Ainda assim, lá está ela.
Aberta; e vazia.

A chave é frágil; o tempo é curto.

Cabe ali um bem-querer.
Sim, ainda cabe uma palavra.
Íntimo, longe de tudo:
Um suspiro.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Persistência regressiva

O punhal da vida estoca
a cada decepção
e sangra.
Escorre da ferida que não
estanca.
Rememora um passado sombrio,
um presente ardido,
um futuro incerto.
Continuadamente,
chora rubro,
grita alto,
cala à sombra.
Sem bainha, o punhal da vida
brilha e corta;
Não se limpa,
persiste.
Lâmina que lambe
linda
letal.

Um só golpe
e carrega-se o fardo de viver
num corpo morto.

Até o sangue acabar.

domingo, 16 de junho de 2013

Morte Súbita

Estou com Medo.
Com Raiva.
Com nojo e com amor.
Condenado.

Alegria

Um suspiro
à cortesia
ou elogio

O relógio
ao próprio giro
gira o dia

Alegria
Alegria
Alegria

Um café
na companhia
de um amigo

Um abrigo
pra quem sofre
em noite fria

Todos juntos
pela mesma
sinfonia

Alegria
Alegria
Alegria

Que alegria
no cantar
do passarinho

Um beijinho
na bochecha
da Maria

Infinitas
as nuances
dessa vida

Alegria
Alegria
Alegria

sábado, 15 de junho de 2013

Vai-e-vem

Conversas despretensiosas
escondem anseios e vontades
de rever, amar, viver.

Em versos

          E para-se bruscamente

Conjecturas desvairadas
emergem ásperas e volúveis
dão rubor, ardor, dor.

e volta-se normalmente

aos reprimidos sentimentos já não mais segredo
às rosas que brotam no medo
ao rosto omitindo o ledo
ao salto do penedo
em mesmo enredo
ao brinquedo
roto.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Antes que vire cinza

O eriçar de pelos em um dia invernal
nada são, quando a saudade chama.

Chama
aprisionada em coração latente,
apagada pelo vento da despaixão,
reacesa pela brasa da vontade.

volta
de onde não estou,
para onde quero ir.
O reencontro entrelaçado das metades justapostas.

Justo
nesse dia invernal
falta-me a brasa para reacender a

chama.

Soneto da Incompletude

Que palavras poderei proferir
Se, em tua reserva, faço-me ausente,
Não me atrevo a feri-la, evidente.
Apenas para fazê-la sorrir?

Distância que não se sabe medir,
Na ânsia em fazer passado presente.
Coração vazio de um homem carente
não bate, ocupa-se pelo pungir.

Raiará o dia da redenção.
Correrei os campos da plenitude,
Regarei o meu jardim com amor.

Em soneto italiano, canção
Que entoarei como minha virtude
se tornar a florescer minha Flor.


Que tal uma canção? Clique aqui e deleite-se.

Desfoque

Olhos que me encontram, prisão;
Que sorriem, dizem e amam.
Então,
que choram.

Lembram o que se findou
e o que há de vir;
Não vem, porém.
Não veem.

Os meus, desfocam.
Nada enxergam, só lembram.
Os teus, prisão, choram, não veem.

Sem métricas, descrevo uma manhã incomum e solitária;
e espero.

Bem-vindo!

Olá, caro leitor!

Meu nome é Lucas Paiva. Bem-vindo ao meu novo blog. Nomeei-o "Respiração Inconstante", pois o conteúdo que pretendo colocar aqui virá ao sabor de minhas vivências.
Tenho alguns poemas e quero mostrá-los a quem os quiser ler. Sou amador neste quesito. Apenas sinto vontade de manifestar-me em versos.
Espero que desfrutem, interpretem, apreciem, critiquem, admirem e aproveitem ao máximo o que eu tenho para dizer. Pelo simples fato de que é bom ser ouvido.

Muito obrigado e boa leitura,

Lucas Paiva.