Mesmo sob luvas,
meus dedos ardiam
de frio enquanto
eu digitava.
Concentrava-me
em dissecar o
que de mais
bruto havia em
meus sentimentos.
Quando ouço toques
lentos, suaves,
tímidos,
à minha porta.
- Entra.
E entrou.
Acomodou-se
em minha cama,
sutilmente,
bem ao lado
de minha velha
cadeira,
e ali ficou.
Pensávamos
timidamente
sobre coisas.
Sensações
inéditas,
incógnitas.
De súbito,
senti um calor.
Leve e
presente.
Escorria
meus lábios,
como saliva.
Descia por
meu corpo,
chegava às
minhas vergonhas.
E eu as
perdia.
Pouco a pouco.
Minhas roupas,
desnecessárias,
forravam o chão;
tapeçaria barata
que desveste bem.
Brevemente,
cessou-se.
Deu lugar a
calafrios,
mal-estar,
solidão,
que se esvaíram
brevemente.
Vesti-me,
fitei
e falamos.
Fez morada
de meu lugar.
Acolhi, com receio.
Sem pesares.
E, noite adentro,
caminhamos
longa e unida,
viva e sofrida,
linda e querida,
feliz e doída,
jornada.
De tão escuro
já não via
o quão perto
eu estava
do futuro.
Não vi
levantar-se.
Entreabriu
minha porta,
permitindo
a luz
alumiar.
Parou sob o
batente.
E ficou horas.
E se foi.
Vez ou outra
ainda bate
à minha porta.
Ainda entra.
Mas vivo só.
sábado, 31 de agosto de 2013
domingo, 25 de agosto de 2013
Ida
De meus momentos mais tristes,
de solidão e de angústia,
que se arrastam sonho adentro
e se alastram noite afora,
faz-se o pranto mudo.
Não mais um luar como este
nem sequer noite de núpcias
terei para o meu contento.
Malas prontas, vou-me embora
para um outro mundo.
Um que me receba bem,
que entoe minhas canções,
as mais belas que eu cantar
e também as feias, pois
dele eu quero tudo.
A vida passa de trem
por todas as estações
para em todas eu descer
e não mais sentir-me a sós,
nem por um segundo.
Viajarei sem pesar.
Sem amarras ou remorso
do que deixo para trás
por querer olhar à frente,
e sentir profundo
Desejo de não voltar.
Parto sem qualquer esforço,
mas vou com saudades já
de tudo o que, consciente,
guardo lá no fundo.
de solidão e de angústia,
que se arrastam sonho adentro
e se alastram noite afora,
faz-se o pranto mudo.
Não mais um luar como este
nem sequer noite de núpcias
terei para o meu contento.
Malas prontas, vou-me embora
para um outro mundo.
Um que me receba bem,
que entoe minhas canções,
as mais belas que eu cantar
e também as feias, pois
dele eu quero tudo.
A vida passa de trem
por todas as estações
para em todas eu descer
e não mais sentir-me a sós,
nem por um segundo.
Viajarei sem pesar.
Sem amarras ou remorso
do que deixo para trás
por querer olhar à frente,
e sentir profundo
Desejo de não voltar.
Parto sem qualquer esforço,
mas vou com saudades já
de tudo o que, consciente,
guardo lá no fundo.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Um desabafo e um agradecimento.
Olá, caríssimos.
Pode parecer que tenho facilidade com as palavras, mas às vezes é tão duro juntá-las de maneira a fazer sentido... Tão doloroso.
É uma consequência, no entanto. Uma boa consequência. Pois imprimo um pedacinho do meu "eu" em um punhado de palavras que me farão lembrar do que passava quando as escrevi. E sim, temos que nos lembrar do passado. Do passado alegre, para sorrirmos de canto; e do triste, para ponderarmos antes de tomar os mesmos caminhos de outrora.
O que me espanta é a recepção dessa minha empreitada. Muitos têm acessado meu blog, alguns têm comentado, outros até me dizendo pessoalmente. Um admirador anônimo ainda fez um trabalho surpreendente com meus pequenos versos. Aliás, a maioria de vocês manifestam-se anonimamente. Posso amá-lo, odiá-lo ou (terrível) ser indiferente a você, e você ainda me apoia. Talvez vocês não tenham uma ideia de quanto isso significa pra mim. Não há poemas que transpareçam meticulosamente meu bem-estar com tudo isso.
Resta-me, portanto, não apenas agradecê-los, mas também dizer que motivação eu tenho de sobra. E pretendo continuar com minhas humildes lamentações por muito tempo.
Um sorriso honesto e um abraço,
Lucas Paiva
Pode parecer que tenho facilidade com as palavras, mas às vezes é tão duro juntá-las de maneira a fazer sentido... Tão doloroso.
É uma consequência, no entanto. Uma boa consequência. Pois imprimo um pedacinho do meu "eu" em um punhado de palavras que me farão lembrar do que passava quando as escrevi. E sim, temos que nos lembrar do passado. Do passado alegre, para sorrirmos de canto; e do triste, para ponderarmos antes de tomar os mesmos caminhos de outrora.
O que me espanta é a recepção dessa minha empreitada. Muitos têm acessado meu blog, alguns têm comentado, outros até me dizendo pessoalmente. Um admirador anônimo ainda fez um trabalho surpreendente com meus pequenos versos. Aliás, a maioria de vocês manifestam-se anonimamente. Posso amá-lo, odiá-lo ou (terrível) ser indiferente a você, e você ainda me apoia. Talvez vocês não tenham uma ideia de quanto isso significa pra mim. Não há poemas que transpareçam meticulosamente meu bem-estar com tudo isso.
Resta-me, portanto, não apenas agradecê-los, mas também dizer que motivação eu tenho de sobra. E pretendo continuar com minhas humildes lamentações por muito tempo.
Um sorriso honesto e um abraço,
Lucas Paiva
terça-feira, 20 de agosto de 2013
E me perco em divagar
E me perco em divagar
em momentos de perdição
e de alucinação
que me têm, devagar
E assim constantemente.
São séculos de evolução
que passaram às mãos
o que se prendia à mente.
Ouço o que não quero
por estar onde preciso.
E percebo o quão exposto
Eu fico - e espero
não ser mais um indeciso
nem esconder o meu rosto.
em momentos de perdição
e de alucinação
que me têm, devagar
E assim constantemente.
São séculos de evolução
que passaram às mãos
o que se prendia à mente.
Ouço o que não quero
por estar onde preciso.
E percebo o quão exposto
Eu fico - e espero
não ser mais um indeciso
nem esconder o meu rosto.
sábado, 10 de agosto de 2013
Terminal
Estou doente.
Pudera ser gripe ou moléstia qualquer,
mas não tive a sorte.
Meu cérebro está doente.
Sim, adoeceu, pois não pensa por pensar.
Os caminhos tortuosos do juízo
levam-me das simplicidades às inquietudes.
Preocupo-me com o que virá,
questiono o que já é,
e o que já foi, critico.
Estou existencialmente doente.
Uma ida à farmácia dá-me tempo suficiente
para reprovar os costumes modernos.
Alguns minutos no ponto de ônibus
e tenho contado em meus dedos
quantas pessoas eu não queria ser.
Um gole de café entre torradas
e deus já não existe.
Estou moralmente doente.
Não gosto de você.
Quero que seja vivo, no entanto.
Que aprenda com os erros, que comemore os acertos,
e os conceitos, que os reveja.
E que exista, para que sejamos diferentes.
Sentimentalmente, estou doente.
Choro pelas mãos, lágrimas legíveis.
Ando pelas nuvens, corro da verdade.
Sobre a vida, eu receio,
encanto, nauseio, lanço-me.
Enfim, padeço.
Está em mim e a mim veio, a doença.
Determinante, nada sutil.
Deselegante, até.
Com ela vim ao mundo, o real, onde caminho
com eventual desalinho.
E, por ela, eu sei: cessarei.
Pudera ser gripe ou moléstia qualquer,
mas não tive a sorte.
Meu cérebro está doente.
Sim, adoeceu, pois não pensa por pensar.
Os caminhos tortuosos do juízo
levam-me das simplicidades às inquietudes.
Preocupo-me com o que virá,
questiono o que já é,
e o que já foi, critico.
Estou existencialmente doente.
Uma ida à farmácia dá-me tempo suficiente
para reprovar os costumes modernos.
Alguns minutos no ponto de ônibus
e tenho contado em meus dedos
quantas pessoas eu não queria ser.
Um gole de café entre torradas
e deus já não existe.
Estou moralmente doente.
Não gosto de você.
Quero que seja vivo, no entanto.
Que aprenda com os erros, que comemore os acertos,
e os conceitos, que os reveja.
E que exista, para que sejamos diferentes.
Sentimentalmente, estou doente.
Choro pelas mãos, lágrimas legíveis.
Ando pelas nuvens, corro da verdade.
Sobre a vida, eu receio,
encanto, nauseio, lanço-me.
Enfim, padeço.
Está em mim e a mim veio, a doença.
Determinante, nada sutil.
Deselegante, até.
Com ela vim ao mundo, o real, onde caminho
com eventual desalinho.
E, por ela, eu sei: cessarei.
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