sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Por que esse silêncio?

Olá, meus amigos e amigas.

Há tempos não nos falamos por aqui, não é? Claro que sinto falta, como imagino que devam sentir também. Ao menos uma mínima falta; pequena, mas presente. Ela é completamente justificável, pois nossa última conversa poética tem já mais de mês, e a anterior minha memória não cuidou de guardar quando. Digo-lhes que foi um afastamento proposital. E explico, com mais de um argumento.


Uma sucessão variada de acontecimentos, dessas que a vida trás como uma onda, acometeram-me. De todas as espécies; referentes a mim ou próximos ao meu mundo. E, naturalmente, terminamos elencando algumas prioridades, o que me fez dar um tempo dos versos. Não integralmente. Ora ou outra, algumas palavras unem-se, caem bem (mas nem tanto) e guardo-as para futuros esforços. Mesmo assim, não são suficientes. Meu vigor não tem sido suficiente. E quem sofre é a poesia.

Outro motivo: planejamento. Pois é, distanciar-me da escrita não implicou em abdicá-la. Sabendo que a grande maioria das minhas produções está neste blog, isto é, já vieram a público, tomei a decisão de salvaguardar o que tenho escrito de novo e o que escreverei daqui para frente, afim de criar um estoque razoável. Também porque almejo, nalgum tempo à frente, publicar um livro. Ainda não sei como, quando ou com o que, mas sei que questões contratuais de direitos impediriam-me de lançar textos que já constassem noutros livros e (pasmem) em blogs. Sim, isso poria o futuro deste recanto virtual em risco. Por isso, mantenho o novo na gaveta por hora.

Poderia detalhar mais algumas coisas aqui, entretanto essas duas justificativas já bastam-me como mea culpa. Se ainda gostam deste reles escritor, peço que fiquem com os antigos poemas aqui postados e sejam pacientes. Humildemente, peço também que torçam para que consiga cumprir meus anseios e dar um bom início a um ciclo que há de começar a partir do ano que vem.

Afinal, eu gosto.

Um abraço e uma beijoca,
Lucas Paiva.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Livro de Recordações

Olhei tanto para a estante
e o espaço que era reservado ao livro
que lhe emprestei.
Foi, durante meses, minha lembrança de você:
um espaço vazio.

Vinham à minha cabeça recortes de sua história
de suas anedotas e nuanças
e imaginava-a lendo cada uma delas
sorvendo as histórias
sorrindo às anedotas
sofrendo com as nuanças.

Fito agora o livro recolocado
na estante
e pergunto-me: que faço agora
que o livro já foi recolocado
na estante
mas minha lembrança de você ainda é
um espaço vazio?

segunda-feira, 21 de julho de 2014

O Paradeiro de Teresa

Onde estás, Teresa?
São menores as questões existenciais do homem
do que as vezes várias que me dediquei a procurar-te.

Vasculhei afundo meus pertences,
gastei meus sapatos nas calçadas,
fui repreendido ao revirar as estantes das livrarias,
folheando página a página os mais ternos romances e antologias
e em nenhum desses lugares notei vestígio teu.

Onde estás, Teresa?
Deixaste cá em mim crateras inteiras
que vulcão nenhum jorraria lava bastante para preenchê-las.
Dos fenômenos extremos da natureza
foste o mais devastador,
pois vieste em correnteza, arrasando meus alicerces.

Ainda tenho teu tempo em minhas horas.
Ainda sinto teu cheiro em meus dedos,
ainda sinto teus cabelos nas minhas mãos,
ainda sinto teu gosto na minha língua,
ainda sinto teu peso em minhas ancas.
Ainda sinto teu medo em meu perdão.
Só não sinto tua presença. Por onde andas, Teresa?

Lembra-te de mim, com quem reviveste as doçuras adolescentes
nesses tempos obscuros e responsáveis?
Com quem não planejaste o amor,
a quem confiaste, no entanto, o corpo, o verbo e o coração?
A quem chamaste por terceiro e deste tua delicada mão,
entrelaçando dedos e vísceras?
Cá estou, Teresa. E tu, onde estás?

Desintegro-me nas palavras que evocam tua comparência
e quase se esvai meu próprio juízo
(coisa única que me mantém rijo, pois já se foram as demais).
Vê tu que de nada me vale ser loquaz se não me ouves.
Prefiro vomitar as tripas de mal-estar a vomitar-lhe versos de mal-ser.
Assim vou enfraquecendo, afonizando, emudecendo.

Onde estás, Teresa, eu já sei.
Não me faltam mais cantos a olhar,
mundos a virar, memórias a recordar.
Nem dúvidas restam-me, sequer.
Por mais que tu persistisses,
o que me remanescia era acordar.
Não estás em lugar algum, Teresa,
pois já não mais existes.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Eulírico

Eu humano conflito
Eu filho decepciono
Eu frequente ressono
Eu amor palpito

Eu coração anseio
Eu cético duvido
Eu desejo infinito
Eu violão ponteio

Eu métrica soneto
Eu palavra rebusco
Eu decisão esquivo

Eu errante discreto
Eu amante brusco
Eu poeta vivo.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Les Couleurs de Deuil

Tristes versos quintos
todos em menor
qual menor é o trilho
que a gota correu
em coches e seges
desde tons azuis
turvos e sem luz
sobre as peles beges
desse rosto teu
a cessar o brilho
dos olhos à cor
de um bom vinho tinto.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Tremeluz

Apaixonei-me nessa manhã.
Não que fosse o amor final,
o desfecho de minha vida.
Mesmo pois esse derradeiro,
bem conheço-me,
não existirá.
O que me fez cair de amores
hoje
foi a gentileza.

A chuva que me pegou - veja só
- de surpresa
foi a mesma que acendeu no peito de bela moça,
trajada em terno e ternura,
uma vela de cortesia.

Como quem se recorda do que lhe passou
há poucos instantes despercebido,
ela parou sob a água, de guarda-chuvas aberto
e coração também,
virou-se a mim e ofereceu:
vai pegar o ônibus? Vem comigo.

Sorri.

Balbuciei um aceite qualquer,
gratidão ainda bêbada de espanto.
Tomei-lhe a sombrinha em mãos
e caminhamos como casal contente
até a catraca da condução,
onde cessou-se nosso brevíssimo caso.

Ela, moça bela,
já dormia no desconforto da janela.
Mal sabia que, tal qual a chuva,
inundou-me de alegria
a sua atenção.
E que sua vela
agora tremeluzia
no meu coração.

Contudo, com tudo
isso,
a vida, conquanto,
ela segue.
Eu desço
e a moça
dorme.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Um Dia Qualquer

Instituiu-se, nalgum momento da história,
de consenso e martelo batido,
que aniversário é celebração.

Diz-se ser bom dia, dos alegres,
floridos, de comprazer,
mesmo aos miseráveis,
embebidos nos dissabores do viver.
Assim, qual milagre.

Um dígito que tropeçou,
afeito,
às grades do calendário e
pronto,
nasce o dia perfeito.

Que perfeição instaurada é essa,
de paradoxo e arbitrária,
que nos convence ganhar ano de vida
quando, certamente, caminhamos à morte?

Dia em que nos presenteiam por
ter vencido, à casualidade,
trezentos e sessenta e outros.

Dia, porém, de sorrisos largos,
brilhantes e solícitos.
E também de tímidos
contidos
cumprimentos.
Dia de surpresas de boa-fé,
de manter a cabeça em pé
para envergá-la em pagamento
a quem lhe cedeu um segundo,
e dizer-lhe "obrigado".
Dia de arrependimentos

e de retomadas.
Dizem até de fim de ciclo
e vida renovada.
Dia de acalento
de um abraço apaixonado.

Dia, por fim, de um coitado
que, ao fim do dia,
sentou
e chorou
de alegria.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Soneto às Frequências Assíncronas

Se fosse eu bem quisto como bem quero
não seria visto como pedante
nem me tratarias tal louco errante
que mergulha em cada amor com esmero.

Se grande me amasses como a amo grande
verterias prantos em meu enterro
não me exilarias pelo meu erro
tolo de impedir que a chama se abrande.

Se pudesses acompanhar meu ritmo
sentirias o galopar frenético
ressonar com as cordas do teu íntimo.

No descompasso do embate sintético
sobra-me a derrota do amor legítimo
frente ao desterro de um temor ilógico.



sexta-feira, 25 de abril de 2014

Inquirição

Senhora tristeza,
desgraçada
desatada
descuidada
diz que vai
mas faz morada
na vida dos sem-nada;
desiludidos
desprovidos
de equilíbrio
e de outras coisas.

Ébrios de tristeza
sem sentido
sem beleza
nem partido.
Desferidos
golpes tantos
que certeiros
submetem os inteiros
a quebrantos.

Da tristeza que se faz
a aspereza
e a tenaz
incerteza
de uma vida repleta
de ausências
inconstâncias
inexistentes
esperanças
de melhoras.

E nas andanças
nas derivas
nas idas
amarra-se
em laçadas
corredias
e empossa-se
das vidas
destruídas.

Tristeza, senhora,
questiono-te:
és tu
sem hora
de acabares consigo
ou apenas não vês a hora
de acabar comigo?

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Do Amor Viajante

Amor está nos meandros do rio
de desalentos, fluente à jusante,
erguido pelos ventos de esperança
e chovido em prantos, regresso ao rio.

Diz-se do amor pelas vagas nas orlas
e sua oscilação deitada no mar
como oscila no peito de quem ama
o sangue denso, rubro e navegante.

Diz-se também que as ânsias e receios
que perambulam pelos entremeios
que nem ratos nos bueiros imundos
do coração são infecundo amor.

Mesmo as flores das pradarias vastas
e rasteiras são amor na raiz;
por suas cores, chamariz dos amores
avivados, de fantasias fastas.

Tão cinético o amor, puro e retinto,
que se perde e encontra-se nas metáforas
mundo afora, corre faminto e volta
ao cerne amante, onde se deita e dorme.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Soneto Reduzido

(ou Soneto dos Monossílabos Átonos e Tônicos Acentuados)


com
um
nó,


vi
que
dá:


sem
dó,

vou
ri
mar.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Pedaços

Num pedaço de papel
desses pequenos
que cabem na mão
ponho um pedaço de poema
desses pequenos
que não dizem tudo
que querem dizer
mas que levam consigo
em pedaços pequenos
o meu coração
ao meu bem-querer.
Desses imensos.

terça-feira, 11 de março de 2014

Vai Florescer

Fim de verão,
mas já te digo:
vai florescer.

Em tua janela
eu deixarei
flores mui belas.

Flores que tu
lipas, laranjas,
adoras tanto.

Plantá-las-ei
de amor completo
em teu jardim.

E vou regar
E vou viver
E vou sorrir.

Pois vão brotar
Pois vão crescer
E então florir.

Em cada vaso
dentro de mim
vai florescer.

E nos teus lábios
muitos sorrisos
vão florescer.

Meu coração
é primavera:
já floresceu.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Sete de Copas

Jogaste-me esta carta
perdida de seu monte,
desembaralhada da vida,
de bordas gastas,
descolorida.

Só lhe pude pagar com carta
de próprio punho
e cunho singular.
Sem blefar, mantive-me autêntico.

Cantamos, contamos, cortamos,
e vamos, vamos.
E fomos.

De um ano que virou
samba do avesso ao inverso,
deu-se nosso começo.

Fizeste o introverso ateu
pairar no universo teu,
suavemente,
sorrindo ao teu sorriso
de estrela cadente.

São hoje amuletos meus,
fontes de inspirações.
Tu e a carta,
o vermelho do teu amor
e as copas ao meu redor.

Peço então que cuides, meu bem,
desses corações,
aos sete, impressos;
e um cá, latente.


sábado, 1 de março de 2014

Soneto da Extinção

Por que foste embora?
Tudo o que te fiz foi ser cortês,
dei-te mil abraços de uma vez;
fui-te amigo outrora

mesmo querendo-te namorada.
Que sou eu agora?
Senhor sem senhora,
amigo apenas de temporada.

Não te nego retiro, mulher,
nem vontade de saber de si.
Só lamento teu desvanecer.

Vejo que a perdi
sem sequer saber
se a ganhei um dia.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Mata

Mata-me
de fome
e de sede,
de amor.

Come-me
como comes,
com amor.

Tem-me
em tua
tez.

Sê-me
a ti
em nós.

Mete-me
na mata
e mata-me,
por favor.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Devaneio nº 2.

A vida é tão bonita nesses aspectos.
Não posso dar-me ao luxo
de deixá-la passar sem registro.
Tomo um pouco que seja desse suco,
refrescante, vigoroso, alucinógeno.
Eventualmente, um ou outro tempero cai na taça.
De alguns não me esqueço do sabor.
Com açúcar, com afeto, a vida fica... doce.

    Cheers! Gostei desse, encorpado.
    Desses que pegam na boca.

Não sou vivo, tampouco poesia.
Sou só poeta.
A poesia está aí,
perambulando à própria sorte e sabor.
Vou atrás dela e, às vezes, ela a mim.

    Tem um sabor diferente
    no último gole.

Como veio você!
Que estava ali
e, de repente, aqui estava,
exalando flores e rimas,
onde qualquer um veria poesia.

    A minha já se foi.
    Outra taça, meu bem?

E o que virou nosso
foi o sabor da fruta mordida,
a sorte de um tranquilo amor,
as flores, as rimas, o açúcar,
o afeto, o doce, a vida.

    Delicioso. Mais?
    Certo, vamos para a cama, então.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Chorinho

Mais um verso da valsinha
para essa mocinha
que me fez sorrir.
Digo, então, toda essa minha
vontade que vinha e
quase a deixou ir.

E após o apogeu
aceno assim ao seu
partir.



(saboreie a valsinha clicando aqui)

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A Dança


Triste, mas feliz.
Ainda assim, triste.
Feliz, no entanto.
Muito feliz.
Muito triste,
também.

Feliz e triste e feliz
e triste e triste
e feliz,
porém.

Felicidade e tristeza
são irmãs de longa data;
data eterna por juntas nascerem
e vida eterna por não morrerem.

A felicidade é atenuante,
apenas.
A tristeza que lhe faz viver
a duras penas.
Em sinergia, dançam juntas
às cadenas.

A dança, eterna.
Triste feliz triste
feliz triste feliz
na valsa seguem assim,
vai-e-vem-e-vai
e-vêm.

Sem fim.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Primeiro de Fevereiro

Embalado por Janeiro,
que passou faceiro
como o marinheiro,
e voou como o dinheiro
na mão do brasileiro,
dedico um verso inteiro
sem roteiro,
ligeiro e derradeiro
a este dia primeiro
de Fevereiro.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Poesia Viva

Ela sente diferente
muito do que a gente
teima em nem sentir.
Diz assim, bem eloquente
e eu, obediente,
de canto a sorrir.

Ela estava então calada,
meio concentrada
nesse verso meu.
Sentia-se pouca e rasa e
louca e receosa,
perdida no breu.

Nada de inferioridade,
apenas na idade
de ser aprendiz.
Ouvindo a felicidade,
sensibilidade
ao que a canção diz.

Se dormia a madrugada
ou a namorada,
ou talvez os dois.
Como estavam misturadas,
ambas acordadas,
ficou pra depois.

Como dois alunos juntos,
estudamos juntos
o que a vida dá.
E maturando ainda juntos
versos em conjuntos
aqui e acolá.

Ela, poema ambulante,
com seu jeito errante
de passar por mim.
Eu, perdido nesse instante,
digo, dissonante:
"sinto-a viva", enfim.

Chegando ao final da festa,
despediu-se desta,
enquanto eu dormia.
E, no fim, ainda me resta

um beijo na testa
da viva poesia.




(aproveite o chorinho clicando aqui)

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Conversa de Alto Nível


     Para enriquecer o inventário e manter o requinte, um poeta não escolhe falar sobre o amor. Falar sobre o amor já se faz por aí, em tríades truncadas nos trastes dos violões judiados pela simplificação do sentimento. Como o porta-voz universal do coração, o bom poeta fala com o amor. Impõe postura, limpa sua garganta e diz: "Ó, amor meu, que tens a me dizer desta vez?", e o amor responde, dando início à poesia. Conversam em pé de igualdade, com ofensas rebatidas e lembranças ardentes. Tudo devidamente anotado pelo poeta, em minúcias, gracejos e metáforas. Detalhes não lhe podem escapar, pois fala com o amor, afinal, tão ocupado que és.
       Conversam por horas, por dias, anos. Mesmo assim, nunca se acertam. Há sempre uma pendência do poeta para com o amor, por não se satisfazer com as palavras de que se valeu para cantá-lo. Por dizer, dizer e mais dizer e, ainda assim, não o compreender. Afinal, como vai compreendê-lo realmente se o amor de amanhã não será o amor de hoje, que já não é o amor de ontem, que, por sua vez, é completamente diferente dos amores de outrora?
       Infeliz o poeta, que não vive todos esses amores, apesar de os querer. Que suspira a cada sussurro, que se arrepia a cada lamento eloquente e se emociona com tanta beleza que esse amor desfila em seu coração. Isso nada traz ao poeta senão infelicidade, impotência em ver que o amor ali está, cheio de vida e de morte, dançante como uma bailarina, e que não consegue decifrá-lo por completo; sofre como um fotógrafo que persiste em tirar um belo retrato de uma inconstante borboleta, difícil de enquadrar, e obtém nada mais que silhuetas borradas. O bom poeta, depois de tempo incomensurável no divã com o amor, é apenas isso: o desolado artista ilusoriamente contente pelas figuras desfocadas que conseguiu escrever.
       Também há, obviamente, a pendência do amor para com o poeta. Não poderia dizê-la aqui a vocês, entretanto, porque minha conversa com esse ilustre desgraçado amor ainda está em curso. Por hora, calo-me e ouço e só.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Que Venham!

Hoje acordei motivado.
Sem motivo especial,
só com uma inspiração
de bons ares que virão.
Mas nada que com destino
tenha qualquer coisa a ver.
E com instinto, tampouco.
É apenas o resultado
do acúmulo de pequenos
e favoráveis eventos
que nos ocorrem na vida.
Até umas e outras notícias,
em ordem sequencial,
reforçaram a ventura
e toda essa questão.
Ela já vem, entretanto,
de longe, de antes, de outros,
de momento desigual
e, por acaso, de ser
única, efêmera e só.
Meu contento está na sorte
de receber com ternura
as bonanças vindouras
e abraçá-las com vigor,
dizendo-lhes, uma a uma
"Sejam bem-vindas, vocês!"

domingo, 5 de janeiro de 2014

Samba de Virada

Tum tum
faz a batida
que bate o tan tan
e o bule na avenida.

Na medida
o som percorre
os corações de São Jorge
e nunca morre.

Também não
morre o tum tum
do coração paulista.

Vive!

Vive, vendo o samba da pele negra
e da pele branca
que tantam e pandeiram
e encantam
e cortejam a cidade.

Samba
que sacode efusivo
e se entranha
em sorriso e vontade,
quase com a saudade
que só o samba pode dar.

Tum tum, então,
dando o tom
do novo ano
que, por engano,
passou sem querer passar
enquanto passava na avenida
coração meu,
sorriso teu,
em São Jorge de Goiás.