segunda-feira, 31 de março de 2014

Soneto Reduzido

(ou Soneto dos Monossílabos Átonos e Tônicos Acentuados)


com
um
nó,


vi
que
dá:


sem
dó,

vou
ri
mar.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Pedaços

Num pedaço de papel
desses pequenos
que cabem na mão
ponho um pedaço de poema
desses pequenos
que não dizem tudo
que querem dizer
mas que levam consigo
em pedaços pequenos
o meu coração
ao meu bem-querer.
Desses imensos.

terça-feira, 11 de março de 2014

Vai Florescer

Fim de verão,
mas já te digo:
vai florescer.

Em tua janela
eu deixarei
flores mui belas.

Flores que tu
lipas, laranjas,
adoras tanto.

Plantá-las-ei
de amor completo
em teu jardim.

E vou regar
E vou viver
E vou sorrir.

Pois vão brotar
Pois vão crescer
E então florir.

Em cada vaso
dentro de mim
vai florescer.

E nos teus lábios
muitos sorrisos
vão florescer.

Meu coração
é primavera:
já floresceu.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Sete de Copas

Jogaste-me esta carta
perdida de seu monte,
desembaralhada da vida,
de bordas gastas,
descolorida.

Só lhe pude pagar com carta
de próprio punho
e cunho singular.
Sem blefar, mantive-me autêntico.

Cantamos, contamos, cortamos,
e vamos, vamos.
E fomos.

De um ano que virou
samba do avesso ao inverso,
deu-se nosso começo.

Fizeste o introverso ateu
pairar no universo teu,
suavemente,
sorrindo ao teu sorriso
de estrela cadente.

São hoje amuletos meus,
fontes de inspirações.
Tu e a carta,
o vermelho do teu amor
e as copas ao meu redor.

Peço então que cuides, meu bem,
desses corações,
aos sete, impressos;
e um cá, latente.


sábado, 1 de março de 2014

Soneto da Extinção

Por que foste embora?
Tudo o que te fiz foi ser cortês,
dei-te mil abraços de uma vez;
fui-te amigo outrora

mesmo querendo-te namorada.
Que sou eu agora?
Senhor sem senhora,
amigo apenas de temporada.

Não te nego retiro, mulher,
nem vontade de saber de si.
Só lamento teu desvanecer.

Vejo que a perdi
sem sequer saber
se a ganhei um dia.