segunda-feira, 29 de julho de 2013

Hourglass

O futuro não é, porque ainda não foi. O passado, por já ter ido, é.
E o presente vai. Vai escorrendo por onde consegue passar. E
passa por tudo. Por mim, por lá. E como marcá-lo? Assim,
com areia que voa na praia quando a brisa vai. E quando
ela volta. Com areia, onde eu escrevo com o dedão do
pé a minha vida. E que se apagarão com a morte.
Grão por grão por letra por letra de areia eu vou
fitando o tempo correndo minha ampulheta
na minha estante das minhas gavetas.
Que cintura essa que me fascina
e que espreme os meus dias
como laranjas maduras.
Pouco a pouco, adeus
tempo meu. Lá se
vai outro
g

r

~

a

o
.
Fica,
contudo,
amontoado
e esparramado por aqui.
Só me resta o lamento, que morrerá comigo,
de que, quando se acabar, ninguém há de virá-la.

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