sábado, 31 de agosto de 2013

Breve Visita

Mesmo sob luvas,
meus dedos ardiam
de frio enquanto
eu digitava.

Concentrava-me
em dissecar o
que de mais
bruto havia em
meus sentimentos.

Quando ouço toques
lentos, suaves,
tímidos,
à minha porta.

- Entra.
E entrou.
Acomodou-se
em minha cama,
sutilmente,
bem ao lado
de minha velha
cadeira,
e ali ficou.

Pensávamos
timidamente
sobre coisas.
Sensações
inéditas,
incógnitas.

De súbito,
senti um calor.
Leve e
presente.
Escorria
meus lábios,
como saliva.
Descia por
meu corpo,
chegava às
minhas vergonhas.
E eu as
perdia.
Pouco a pouco.

Minhas roupas,
desnecessárias,
forravam o chão;
tapeçaria barata
que desveste bem.

Brevemente,
cessou-se.
Deu lugar a
calafrios,
mal-estar,
solidão,
que se esvaíram
brevemente.

Vesti-me,
fitei
e falamos.

Fez morada
de meu lugar.
Acolhi, com receio.
Sem pesares.
E, noite adentro,
caminhamos
longa e unida,
viva e sofrida,
linda e querida,
feliz e doída,
jornada.

De tão escuro
já não via
o quão perto
eu estava
do futuro.

Não vi
levantar-se.
Entreabriu
minha porta,
permitindo
a luz
alumiar.
Parou sob o
batente.
E ficou horas.

E se foi.





Vez ou outra
ainda bate
à minha porta.
Ainda entra.


                       Mas vivo só.

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